sexta-feira, 18 de março de 2016

Mensagem - O que Jesus está tentando nos dizer?

Leitura bíblica: Lucas 15
O capítulo 15 do Evangelho segundo Lucas é famoso por conter as conhecidas parábolas dos perdidos: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido. A maioria de nós conhece bem essas histórias, mas será que realmente entendemos o que Jesus está tentando nos dizer? O texto começa assim: “Certa ocasião, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus dizendo: Este homem se mistura  com gente de má fama e toma refeições com eles” (Lc 15.1-2). E então Jesus conta as parábolas.

Convido para refletir mais especificamente sobre a terceira delas, mais conhecida como a parábola do filho pródigo, também chamada por vezes de parábola do Pai amoroso. A história vocês conhecem: o filho mais novo pede sua parte da herança ao pai e sai pelo mundo esbanjando o dinheiro em uma vida desregrada e imoral. Quando não tem mais nem mesmo a lavagem dos porcos para se alimentar, resolve voltar para a casa de seu pai e pedir que ele o aceite de volta na condição de empregado. Porém, surpreendentemente, o pai o recebe de volta na condição de filho e faz uma festa para comemorar o seu retorno. Mas quando o filho mais velho fica sabendo disso, não gosta nada da ideia. O v.28 diz assim: “O filho mais velho ficou zangado e não quis entrar. Então o pai veio para fora e insistiu com ele para que entrasse”. Esse versículo é a reprodução exata do que acontece no início do capítulo: o filho mais velho fica descontente porque o pai recebeu o filho mais novo de volta e o pai sai para insistir com o filho mais velho para que ele entre, ou seja, os fariseus e os mestres da Lei ficam descontentes porque Jesus estava recebendo os cobradores de impostos e as pessoas de má fama e Jesus começa a contar as parábolas.

Como nós costumamos olhar para essa parábola? E como costumamos aplica-la à nossa realidade? O mais comum de acontecer é ficar só na parte do filho mais novo. Nos pomos a procurar os filhos mais novos ao nosso redor, identificamos os cobradores de impostos e pessoas de má fama de nossa época e dizemos: “Eles precisam cair em si, se arrepender dos seus pecadores e voltar para a casa do pai”. Claro, porque o filho mais novo sempre são os outros, nunca somos nós. Nós estamos na casa do Pai, afinal de contas, nós estamos na igreja!!!

Mas têm aqueles que vão um pouquinho mais longe na reflexão da parábola e se dão por conta de que tem um filho mais velho na história. Se dão por conta de que, quando filhos mais novos realmente caem em si e voltam para a casa do pai, não faltam filhos mais velhos que se negam a recebe-los de volta. Afinal de contas, o que vão pensar da nossa igreja se esse tipo de pessoas começarem a frequentar o nosso ambiente!!! E lá vamos nós de novo, nos pondo a procurar os filhos mais velhos ao nosso redor e identificar os fariseus e os mestres da Lei de nossa época.

E divagando desse jeito em cima da parábola, daqui a pouco lá estamos nós imaginando: “Será que eu sou o filho mais novo ou filho mais velho?”. Gastamos tanto tempo investigando a parábola em busca de lições de moral para os outros e até para nós mesmos que esquecemos de parar e olhar o que o Pai está fazendo na parábola.

O Pai corre ao encontro do filho mais novo para recebê-lo de volta em sua casa e faz uma festa para comemorar o seu retorno. O Pai sai de dentro de casa e vai ao encontro do filho mais velho para insistir com ele para que entre também para a festa. Afinal de contas, o clima de festa por causa da presença do filho mais velho já durava tanto tempo, é o que o Pai diz: “você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu” (v. 31), por que sair agora que chegou mais gente pra festa?

Chegou a hora de pararmos de olhar para o lado, procurando defeitos e virtudes nos outros e em nós mesmos, e olharmos para Deus que, em Jesus, pagou na cruz pelos nossos defeitos e em troca nos deu as suas virtudes. Ele é o pastor que saiu à procura da ovelha perdida e que nos colocou em seus ombros para nos levar de volta à casa do Pai. Ele é a mulher que virou a casa de cabeça para baixo em busca da moeda perdida e que fez uma festa quando finalmente nos encontrou de novo. Ele é o Pai amoroso que, mesmo depois de termos tripudiado em cima dos bens que, a preço de morte de cruz, ele nos concedeu, ele não acha humilhante demais correr na nossa direção e nos receber de volta. Ele é o Pai paciente que não se importa de sair sempre de novo e insistir conosco para que entremos. Todas essas imagens Jesus usa para nos dizer uma coisa: “Para de olhar para o lado e olha pra mim que eu te quero aqui comigo!


Oremos: Pai amoroso, te agradecemos pelo tanto que fizeste para nos ter ao teu lado. Mantêm-nos contigo, pois, no que depender de nós, nos desviaremos sempre de novo. E, mesmo que sejamos indignos para tal, usa-nos como instrumentos para trazer outros perdidos de volta à casa paterna. Em nome do Bom Pastor Jesus. Amém!

Charles Samuel Voigt Ledebuhr
Teologando Seminário Concórdia/ULBRA

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