sexta-feira, 10 de abril de 2015

Mensagem - O Espírito de Deus nos revela Jesus Cristo

Leia em sua Bíblia: 1 João 4.1-6

O Espírito de Deus nos revela Jesus Cristo, verdadeiro Deus, verdadeiro Homem, nosso Salvador! Ainda bem que ele revela, porque senão o mundo não iria conhecê-lo.

Certa vez, uma amiga me perguntou no que acreditavam os espíritas. Comentei rapidamente algumas características que eu conhecia e indaguei o motivo daquela pergunta. “É que eu tenho uma amiga na escola que é espírita”, ela respondeu “e ela me disse que eles também acreditam no mesmo que nós acreditamos, que também acreditam em Jesus Cristo”.

De fato, muitas são as religiões que falam de Jesus, portanto todas são cristãs, certo? Errado! No versículo 2, o apóstolo João nos diz que “todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus”. Essa amiga espírita decerto não teria problemas em aceitar que Jesus veio em carne, mas ela aceitaria que ele é o Cristo no sentido em que a Escritura entende o ser Cristo? Os judeus, que não aceitaram Jesus como Cristo, sabiam muito bem o que significava ser o Cristo. Em Mt 26.63, quando Jesus, preso, está diante do Sumo Sacerdote, este lhe pergunta: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus?”. Ser o Cristo, significa ser o Filho de Deus, ser Deus. E isso um espírita não vai aceitar. E não são só os espíritas. No mundo de hoje, encontrar alguém que creia que Jesus Cristo é Deus está cada vez mais difícil.

            Curiosamente, o problema que o apóstolo João enfrentava quando escreveu essa carta era justamente o contrário. As pessoas não tinham problema nenhum de aceitar que Jesus era Deus, o que alguns negavam é que ele também fosse um ser humano, isso por causa de uma crença, muito comum nessa época, de que o espírito é bom e a matéria é má. Deus sendo bom não poderia ser matéria. Jesus sendo Deus não poderia ser de carne.

Nenhuma dessas duas posições pode ser considerada cristã, pois não confessa o Cristo que veio em carne e, portanto, como diz o apóstolo no versículo 3, “não procede de Deus”. Pois se ele não for tanto o Cristo, o Filho de Deus, como Homem, vindo em carne, ele não pode ser o nosso Salvador. Para ser o nosso Salvador ele não poderia ser somente homem, pois, depois da queda, nenhum homem é capaz de cumprir toda a exigência da Lei de Deus a menos que seja Deus. E ele não poderia ser somente Deus, pois assim ele não poderia ser o nosso substituto. Ele precisava ser um ser humano para cumprir a Lei no lugar de todos os seres humanos e também receber o castigo de Deus em lugar de todos os seres humanos pelo seu não cumprimento da Lei.

Mas não nos deve impressionar o fato de que o mundo não entenda nem acredite que Jesus é tanto Deus quanto Homem. O próprio apóstolo João diz no versículo 5: “Eles procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve”. O ser humano, do jeito que ele naturalmente é, só consegue entender as coisas do mundo, que lhe são racionais. O que é Deus é Deus e o que é homem é homem. O que é espírito é espírito e o que é carne é carne. Não pode ser ambas as coisas ao mesmo tempo. Ou é uma coisa ou é a outra. É o que o ser humano consegue racionalmente compreender, é a única conclusão a que ele pode naturalmente chegar. A menos que o próprio Espírito de Deus intervenha e o convença, como o apóstolo ressalta no versículo 4: “Vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas”, ou seja, aqueles que não criam nesse Jesus Cristo Deus e Homem e ensinavam um Jesus diferente, “porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”.


O fato é que Jesus Cristo é Deus e Homem e mesmo num mundo que por si só é incapaz de conceber a ideia desse Jesus, o Espírito de Deus age em nós criando e mantendo a fé salvadora no Jesus Cristo Deus que se tornou homem para cumprir a Lei e ser condenado em nosso lugar e ser assim o nosso Salvador. Graças a Deus!

Charles Samuel Voigt Ledebuhr
Teologando da ULBRA e do Seminário Concórdia

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mensagem - O amor gracioso de Deus

No centro da mensagem bíblica estão as boas novas de que Deus é um Deus de amor gracioso. Os deuses da filosofia são seres supremos que ficam revestidos em impressionante sigilo. Alguma verdade a respeito deles pode ser descoberta apenas por alguns poucos grandes pensadores que penetram nos segredos dos céus, mas para o resto da humanidade eles são entidades desconhecidas. O Deus bíblico não é um Deus que espera que os seres humanos o descubram. Pelo contrário, Ele toma a iniciativa e busca seu povo. Ele escolhe o povo de Israel para que através dele Ele pudesse se aproximar de todos os povos. Antes mesmo de nós pensarmos em buscar a Deus, Ele estava nos buscando. Jesus disse a seus discípulos: “Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi...” (João 15.16). Essas palavras podem ser usadas para resumir o relacionamento entre Deus e seu povo ao longo de toda a Bíblia.

O amor gracioso de Deus significa que Deus nos busca, mas isso também significa que Deus recebe e perdoa seres humanos pecadores. A visão popular de religião constantemente retrata Deus como o grande juiz no céu. Seu computador celestial mantém um registro diário de todas as ações boas e más. Quando o momento do julgamento vier, aqueles cuja contagem de ações boas superar sua contagem de ações más será aceito e recompensado por Deus. Mas aqueles cujas ações más superarem as boas serão lançados na punição. O Deus bíblico, no entanto, quebra radicalmente essa imagem popular. Ele não aceita somente pessoas boas, mas Ele busca os pecadores e os excluídos. Ele é o Deus que deseja antes salvar do que destruir ou punir.

O amor gracioso de Deus surge claramente nos textos indicados como referência para esta mensagem. Jacó está fugindo da justificável ira de seu irmão (Gn 28.10-17). Neste ponto de sua vida, Jacó já provou ser um vergonhoso trapaceiro que enganou seu pai idoso e roubou os direitos de filho mais velho e a bênção de seu irmão. Com o passar do tempo ele acrescentava práticas ainda mais contundentes ao seu histórico. Parece improvável que Deus escolhesse um personagem tão desagradável como Jacó para Seus propósitos. Mas o ponto desta passagem é que Deus vem até o renegado Jacó e renova com ele a aliança feita com Abraão, seu avô. A Jacó é prometido que ele é para ser aquele por meio de quem a aliança será transmitida para as gerações futuras. “Eu não o abandonarei até que cumpra tudo o que lhe prometi” (v.15). Jacó não provou ser particularmente digno de confiança, mas Deus prometeu a Jacó a sua fidedignidade.

A passagem de Romanos 5.1-11 é uma bela versão do mesmo tema. Assim como Deus veio com a promessa para o trapaceiro Jacó, do mesmo modo Paulo nos fala que Jesus veio para morrer pela humanidade pecadora. “Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama: Cristo morreu por nós quando ainda vivíamos no pecado” (v.8). Esta é uma notícia surpreendente! Como diz Paulo, a maioria de nós não estaríamos dispostos a dar a vida por uma pessoa justa. Como nós podemos compreender alguém que tão voluntariamente deu sua vida por todos os injustos? Mas essa é a natureza do amor de Deus. Ele não nos amou na medida em que nós agimos para merecê-lo. Pelo contrário, ele nos amou em nosso pecado e nos buscou para nos livrar do nosso estado pecaminoso. E assim, como Jacó recebeu a promessa e as bênçãos de Deus apesar de seu estado pecaminoso, Paulo nos garante que em Cristo nós somos abençoados. Nós fomos reconciliados com Deus, para que possamos aceitar a paz de Deus, participar na glória de Deus e conhecer alegria. 

Extraído de: The Second Sunday in Lent in Proclamation: Aids for Interpreting the Lessons of the Church Year - Lent, William Hordern e John Otwell (adapt.).
Trad. e adapt.: Charles S. V. Ledebuhr