quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Mensagem - Retrospectiva e planejamento


Texto base: Salmo 90.1-2
“Senhor, tu tens sido o nosso refúgio. Antes de formares os montes e de começares a criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro.”

Chegamos ao último dia de mais um ano. Nessa época é inevitável olhar para trás e fazer um balanço do ano que passou e, ao mesmo tempo, olhar para frente e fazer o planejamento do ano que se inicia. Qual é o sentimento que nos invade ao fazermos isso?

A maioria das emissoras de TV vem transmitindo nos últimos dias as suas retrospectivas de 2015. Uma delas, em sua chamada para a atração, resume o ano que passou falando da crise imigratória, os ataques terroristas, as tragédias naturais e aquelas causadas pelo homem. Outra emissora faz chamadas mostrando cenas de desastres ocorridos no último ano. A cena é pausada um momento antes de o desastre acontecer e então o comandante da atração usa a frase: “A gente pode parar uma imagem, mas não mudar a história”. Então a imagem continua e o desastre acontece. Ainda outra emissora anuncia a atração com a frase reflexiva: “2015: Um ano para ser lembrado, um ano para ser esquecido”.

E se nós fizéssemos a retrospectiva do nosso 2015, a que conclusão chegaríamos? 2015 é um ano para ser lembrado ou um ano para ser esquecido? Talvez alguns acontecimentos tristes nos venham à mente e nos levem a querer esquecer o ano que passou: algum plano frustrado, um acidente, um relacionamento dissolvido ou a morte de alguém querido. Talvez essas coisas tristes até ofusquem as alegrias que também estiveram presentes no ano que passou e nos levem a preferir esquecer.

E ao olharmos para 2016, como olhamos? Com esperança, entusiasmo e alegria? Ou com apreensão, temor e medo? Tenha sido 2015 mais repleto de alegrias ou de tristezas, pelo menos sabemos como ele foi, mas 2016 ainda é, para nós, o desconhecido. Não sabemos o que nos aguarda nele.

Esse momento do ano, marcado por retrospectiva e planejamento, facilmente nos coloca na fronteira entre a dor do passado e o medo do futuro. Somos, na verdade, vítimas do tempo. E como não podemos fugir desse tempo, vivendo condenados à fronteira entre o passado e o futuro, não há nada nesse tempo que possa nos ajudar. A ajuda precisa vir de algo que esteja acima do tempo e esse é Deus.

Moisés afirma a respeito de Deus, no Salmo 90: “tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro”. Deus não está confinado ao tempo como nós estamos. Ele é eterno. A dimensão de eternidade é algo que sequer conseguimos compreender. No nosso entendimento, as coisas precisam ter um começo, um meio e um fim. Até conseguimos conceber a ideia de algo que não termina, pois vivemos na esperança da nossa vida eterna, ou seja, uma vida que não terá fim. Mas, ainda assim, tivemos um começo e não conseguimos conceber a ideia de algo que nunca começou e nunca vai terminar, simplesmente é eterno. Deus é eterno.

Mas para salvar a nós que estávamos condenados no tempo, o próprio Deus eterno se submeteu ao tempo. Se já era inconcebível pensar num Deus eterno que nunca teve início e nunca terá um fim, por amor a nós Deus fez algo ainda mais inconcebível: Aquele que era eterno escolheu ter um começo no tempo como ser humano. Quando chegou o tempo certo, ele veio como filho de mãe humana para libertar os que estavam condenados no tempo. O Verbo se fez carne e Deus viveu entre nós como ser humano, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Deus eterno resolveu tomar parte na nossa finitude e morreu como nós deveríamos morrer e em troca disso nos deu a Sua eternidade, nos deu a certeza de uma vida eterna.

Por isso, não importa o que aconteça ou o que virá. Deus conhece cada um dos passos que nós demos ou que ainda daremos. Sejam momentos de dor e depressão ou de alegria e felicidade, todos os momentos da nossa vida estão nas mãos do Deus que se fez homem por nós. A retrospectiva do passado pode nos fazer sofrer e a projeção do futuro pode nos assustar, mas tem uma coisa que é certa: o presente. Pare para pensar só um instante: se o nosso presente é Cristo não importa o que acontecer, pois tudo está nas mãos dele. Ele é o nosso presente certo porque Ele apaga as nossas dores do passado e nos garante sua companhia no futuro.

Com Cristo do nosso lado, podemos fazer a nossa retrospectiva 2015 e o nosso planejamento 2016 e ainda comemorar o ano novo na melhor das companhias: Cristo, o Deus eterno que se faz presente no tempo por amor a nós.

Oremos ao nosso Deus fazendo uso das próprias palavras de Moisés no Salmo 90:

Senhor, tu tens sido o nosso refúgio. Alimenta-nos de manhã com o teu amor, até ficarmos satisfeitos, para que cantemos e nos alegremos a vida inteira. Que os teus servos vejam as grandes coisas que fazes! E que os nossos descendentes vejam o teu glorioso poder! Derrama sobre nós as tuas bênçãos, ó Senhor, nosso Deus! Dá-nos sucesso em tudo o que fizermos; sim, dá-nos sucesso em tudo. Amém. (Salmo 90.1, 14, 16, 17)

Charles Samuel Voigt Ledebuhr

domingo, 13 de dezembro de 2015

Reflexão: Colocando São Nicolau de volta no Natal – o verdadeiro homem por trás do Papai Noel

Dr. Gene Edward Veith

O Papai Noel tornou-se o santo padroeiro de um Natal secularizado. Muitos cristãos estão tentando equilibrar o que há de místico sobre o Papai Noel com o verdadeiro significado do Natal centralizado em Cristo. Algumas famílias estão tentando eliminar o Papai Noel completamente, mas, mesmo isso, tem se demonstrado uma tarefa complicada. (Como uma criança disse certa vez aos avós: “Meus pais não acreditam em Papai Noel, mas eu sim!”).
E, no entanto, não importa o quanto as pessoas tentem, o Natal tem resistido à secularização. O próprio Natal pressupõe um nascimento (que é o que significa a palavra “natal”), o que nos leva a pensar no nascimento de Jesus[1]. E mesmo Papai Noel é uma versão fantástica de São Nicolau, que realmente é um santo.
De fato, na igreja católica romana e na igreja ortodoxa oriental, São Nicolau é um dos mais populares santos venerados por eles. Ele é o santo padroeiro das crianças, dos estudantes, dos comerciantes, dos marinheiros, (por mais estranho que pareça) dos ladrões e de toda a nação da Grécia. Histórias sobre os santos são chamadas “lendas”. Por elas não serem necessariamente historicamente precisas atribuiu-se um sentido mais amplo para as coisas que são “lendárias”. Ainda assim, lendas muitas vezes contém um fundo de verdade, se não na história, então no seu significado.
Nós sabemos que São Nicolau viveu de 270 d.C. a 343 d.C. e foi bispo de Mira, na atual Turquia. As lendas nos falam sobre como ele dava presentes às crianças e como ele pagou dotes para jovens mulheres a fim de que elas pudessem casar, deixando cair ouro pela chaminé ou jogando dinheiro pelas janelas de modo que ele aparecesse nas meias penduradas para secar em frente à lareira.
Outra história, porém, conecta São Nicolau a um importante evento histórico. Diz-se que ele compareceu ao Concílio de Nicéia, a conferência de bispos que se reuniu para examinar as reivindicações de Ario, que ensinava que Cristo não era Deus, mas apenas um homem. Os bispos reafirmaram a verdade bíblica de que Cristo é Deus e homem, usando uma linguagem que é usada ainda hoje quando confessamos o Credo Niceno.
Supostamente, o bispo Nicolau de Mira ficou tão irritado quando ouviu Ario derrubando a divindade de Cristo que ele foi para cima do herege e lhe deu um tapa no rosto. Algumas descrições apresentam o animado velho São Nicolau acertando Ario com o punho!
O imperador Constantino (que simpatizava com os arianos) estava presente e pediu que jogassem Nicolau na prisão. Seus colegas bispos, chocados com a reação inapropriada, votaram por despojá-lo de seu ofício e tiraram sua estola de bispo.
Naquela noite, de acordo com a lenda, como Nicolau estivesse definhando em sua cela, ele teve uma visão de Jesus e Maria. O Senhor lhe perguntou: "Por que você está aqui?" Nicolau respondeu: "Porque eu te amo." Jesus deu-lhe um livro feito de ouro dos Evangelhos e Maria deu-lhe uma nova estola de bispo. No dia seguinte, os outros bispos acordaram com uma convicção de que deviam restaurar Nicolau ao seu ofício. Foi o que fizeram.
Bem, alguma coisa disso realmente aconteceu? Provavelmente não! Os relatos contemporâneos do concílio não mencionam qualquer incidente desse tipo. Ainda assim, Nicolau pode ter estado no Concílio de Nicéia. Todos os bispos da Igreja estavam convidados, e Nicéia e Mira ficavam no mesmo país. Alguns relatos primitivos dizem que Nicolau de Mira estava presente. A lista de participantes, porém, não o inclui. (Melhor dizendo, das onze cópias preservadas, apenas três incluem, mas essas poderiam ser adições posteriores).
Não temos como verificar se Nicolau realmente acertou Ario, mas essa é uma tradição tão razoável quanto a de ele colocar ouro nas meias de jovens garotas. E com certeza muito mais razoável do que a de ele morar no Polo Norte com elfos e renas voadoras. O significado da lenda, contudo, é certamente verdade: São Nicolau confessou a Cristo.
O problema com o culto aos santos, como praticado historicamente, é que os santos se sobressaiam a Cristo. Marinheiros rezavam a São Nicolau para salvá-los de uma tempestade, ao invés de apelar para Aquele que acalmou o mar da Galileia. Da mesma forma, as crianças pedem ao Papai Noel que lhes traga presentes, em vez de pedir ao Doador de toda dádiva boa e perfeita. Santos de verdade, entretanto, não apontam para si mesmos, mas para Cristo. Não foram as suas virtudes sobrenaturais que fizeram deles santos. Antes, foi a sua fé em Cristo.
São Nicolau sabia que Cristo é “verdadeiro Deus do verdadeiro Deus”, que “foi feito homem”, e ele também sabia que Cristo era “por ele”. São Nicolau pode ou não ter estado em uma prisão literal. Mas ele certamente conheceu a prisão que é o pecado. Não obstante, Cristo veio a ele com seu perdão, trazendo-lhe a Sua Palavra e Seu chamamento.
Podemos devolver a Nicolau, o homem por trás do personagem que se tornou o Papai Noel, o papel que corresponde ao verdadeiro santo (ou seja, ser um exemplo de fé[2])? Se podemos, então a melhor forma de fazê-lo provavelmente seja construindo sobre o que está mais associado a ele: o dar presentes. Podemos explicar aos nossos filhos que eles recebem presentes no Natal porque, nas palavras do Catecismo Menor, Deus “me deu corpo e alma... vestes, calçados, comida e bebida, casa e lar... e todos os bens”. Acima de tudo, Ele nos deu a salvação, não com base em se temos sido travessos ou comportados, mas como um presente gratuito. Isto é, Ele nos deu Jesus.
Nós também podemos aproveitar a oportunidade para ensinar a doutrina da vocação. Deus te dá Seus presentes através do que outras pessoas, tais como teus pais e teu pastor, te dão. Assim, Deus é Aquele que está te dando brinquedos e presentes na manhã de Natal por meio de todas essas pessoas que você ama.
Podemos dizer aos nossos filhos que Deus deu o presente Jesus ao Papai Noel (ou seja, São Nicolau) há muito tempo. Ele se tornou um pastor que ajudou as crianças e, quando ele batizava, dava-lhes também o presente Jesus. É por isso que o Natal tem Papai Noel e presentes. Isso, na verdade, é tudo a respeito de Jesus!
Fonte: Igreja Luterana – Sínodo de Missouri




[1] Em inglês, essa referência é ainda mais forte, pois “Natal” em inglês é “Christmas”, contendo em si própria a palavra “Christ”, ou seja, “Cristo”. Algumas lojas até tentam driblar essa referência ao Natal cristão referindo-se a ele como “holiday” (feriado), porém essa palavra é uma contração de “holy day” (dia santo), contendo em si uma confissão de que este dia é santo.
[2] Nas palavras das Confissões Luteranas, “Do culto aos santos os nossos ensinam que devemos lembrar-nos deles, para fortalecer a nossa fé ao vermos como receberam graça e foram ajudados pela fé; e, além disso, a fim de que tomemos exemplo de suas obras, cada qual de acordo com sua vocação...”. Confissão de Augsburgo, Artigo XXI: Do Culto aos Santos. Hinário Luterano. Porto Alegre: Editora Concórdia, 2001. p.71.

Tradução: Charles Samuel Voigt Ledebuhr (com adaptações)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

XLIII Olimpíada Esportiva DICANPI

A XLIII Olimpíada Esportiva do DICANPI se realizou 28 e 29 de novembro de 2015, sediado pela C.E.L. Farroupilha de Piratini. Foi um agradável final de semana de confraternização dos irmãos na fé com atividades esportivas. Comentários nas redes sociais transparecem a boa organização como principal ponto positivo dessa edição do evento.


Segue a lista dos vencedores:


CORRIDAS FEMININO
100m: 
1°lugar: Eduarda - JULUCA (São João de Canguçu)
2°lugar: Bianca - JULUCA


1000m: 
1° lugar: Lirian - Florida III  
2°lugar: Eduarda - JULUCA


CORRIDAS MASCULINO

100m:
1° lugar: Lucas - JULUCA 
2° lugar: Josias - JULUSOL (Redentor da Solidez)


1000m 
1° lugar: Danilo - Florida I
2°lugar: Elias - JULUSOL

SALTOS FEMININO
Altura
1° lugar: Eduarda - JULUCA
2° lugar: Letícia - Potreiro Grande

Distância
1° lugar: Eduarda - JULUCA
2° lugar: Luíza - Piratini

SALTOS FEMININO
Altura
1° lugar: Athos - JULUPA (São Mateus do Pantanoso)
2° lugar: Samuel - JULUSOL

Distância
1° lugar: Maurício - Piratini
2° lugar: Diego - Faxinal

XADREZ FEMININO 

1° lugar: Paula Daiana - JELSP (São Pedro do Canguçu Velho)
2° lugar: Caroline - JULUCA


XADREZ MASCULINO 
1° lugar: Nairton - JELSP
2° lugar: Henrique - JULUCA


MOINHO FEMININO 
1° lugar: Tarine - JULUSOL
2° lugar: Iara - JULUPA


MOINHO MASCULINO 
1° lugar: Samuel - JULUSOL
2° lugar: Marcos - JULUMAR (Redenção de Manoel do Rego)


DAMAS FEMININO 
1° lugar: Cátia - JULUSOL
2° lugar: Andriele - JULUSP (São Paulo de Capão Bonito)


DAMAS MASCULINO 
1° lugar: Willian - JULULP
2° lugar: Théo - Piratini


KNIPS FEMININO 
1° lugar: Cátia e Kamila - JULUSOL
2° lugar: Maria e Nara - JULUMAR


KNIPS MASCULINO 
1° lugar: Rogério e Marcos - JULUMAR
2° lugar: Marcos e Jonas - Potreiro Grande


PING PONG FEMININO
1° lugar: JULUCA  
2° lugar: JULUMAR


PING PONG MASCULINO
1° lugar: JULUMAR
2° lugar: JULUCA


VÔLEI (misto)
1° lugar: JULUCA 
2° lugar: JULUPA

FUTSAL 

Feminino
Goleadora: Tarine - JULUSOL
Goleira Menos Vazada: Laís - JULUCA
1° lugar: Potreiro Grande 
2° lugar: JULUCA

Masculino

Goleador: Maiquel - Potreiro Grande
Goleiro Menos Vazado: Dionis - JELSP
1° lugar: Potreiro Grande 
2° lugar: Canguçu Velho


Parabéns a todos os vencedores!

domingo, 6 de dezembro de 2015

Reflexão - Plumas e Palavras

Gostaria de contar uma história que aconteceu quando eu ainda morava em Canguçu.  Eu estava em casa preparando uma atividade para desenvolver na escola dominical da Congregação Concórdia. Nesta atividade falaríamos sobre a Arca de Noé. E uma das práticas seria colar penas sobre um desenho grande, uma pomba desenhada sobre uma cartolina. Bem, estava tudo preparado para a atividade, mas faltavam as tais penas. Então, lembrei que tínhamos alguns travesseiros com penas de pato e disse para minha esposa: vou abrir um travesseiro e tirar algumas penas. Ela não gostou da ideia e respondeu: não faça isso! Perguntei: Por que? Respondeu: por causa das plumas. Plumas?! Sim plumas, elas são leves como o ar e quando você abrir o travesseiro elas sairão e você não conseguirá controlá-las. Eu, teimoso como todo bom pomerano, resolvi não seguir o conselho. Quando ela não estava em casa abri o travesseiro, assim, devagarzinho. Quando percebi que as tais plumas começaram a sair, como minha esposa havia dito que aconteceria, mais do que ligeiro apertei o travesseiro para segurá-las e... as plumas! Ah! As tais plumas! Até hoje alguma deve estar flutuando por lá. 
Mas você deve estar se perguntando por que estou falando de plumas. Falo de plumas porque quero falar de palavras. Assim como as plumas são as palavras. As palavras também são leves como o ar. Flutuam, não conseguimos controlá-las, estão por aí o tempo todo. Ditas, escritas. Das mais diversas formas, pessoalmente, virtualmente.  E um exercício que faço, por vezes, é parar para escutar as palavras que “flutuam”. Não aquelas preparadas previamente, mas aquelas ditas sem muitas preocupações pelas pessoas que me cercam em meu dia a dia. Tente você fazer isto. É bem legal! Você verá quantos planos para o futuro. Quantas viagens a serem realizadas. Quantos carros, quantas casas a serem compradas. Não que as pessoas não as tenham, mas é preciso melhorar!  Afinal de contas, é preciso melhorar em tudo, sempre![1] Você ouvirá também muitos lamentos. Lamentos pelo que passou. Perdas de emprego, bens, saúde, namorado, namorada, amigos. Enfim. Mas o que ouvimos pouco é a respeito do presente, aqui, agora[2].   Por horas parece até que este tempo nem existe como afirma um escritor francês chamado Ferry:
Imaginamos que seríamos muito mais felizes se tivéssemos isso ou aquilo, sapatos novos ou um computador turbinado, uma outra casa, outras férias, outros amigos... Mas de tanto lamentar o passado ou ter esperança no futuro, acabamos por perder a única vida que vale ser vivida, a que depende do aqui e do agora, e que não sabemos amar como ela certamente merece[3].

Contudo as palavras expressam ainda outro aspecto. Este bastante sério e preocupante. Elas expressam, muito frequentemente, um grande vazio, uma angústia com a qual é difícil de conviver, uma angústia que leva muitas pessoas a se sentirem infelizes, e que buscam socorro principalmente nos medicamentos e em algo transcendente.
Mas, por favor, me permitam voltar às plumas e às palavras. Quero agora falar de uma palavra em especial. Costuma ser escrita com a inicial maiúscula. A Palavra[4]. Esta também “flutua”, nunca sabemos aonde ela irá “pousar” (Jo 3.8). Esta Palavra é aquela pela qual acreditamos que tudo tenha sido criado (Jo 1.3). Todo o universo, não importa o quão grande ele seja. Tudo aquilo que conhecemos. Também a vida em sua essência, não importa o quão micro ela se manifeste. Esta Palavra esteve presente em forma humana em Jesus Cristo que morreu e ressuscitou nos mostrando assim que ela é poderosa a ponto de vencer a própria morte. Esta Palavra pode preencher o vazio[5] sentido pelas pessoas. Onde ela pousa dá consolo em relação ao passado, dá sentido para o futuro e dá alegria no presente. 
Assim como plumas somos nós também. Estamos presentes, visíveis e no instante seguinte não somos mais vistos. Logo somos levados embora. Porém sabemos para aonde vamos. Guiados pela Palavra vamos de volta para a nossa verdadeira terra natal. A terra da qual somos frutos. A terra celestial.



[1] CERTEAU, Michel afirma que somos induzidos à ilusão. Levados a buscar sempre o novo e logo a seguir o renovo sem tempo para apreciar aquilo que de fato temos. [1] CERTEAU, Michel; A Cultura no Plural; 7º ed; Campinas; São Paulo; 2012.
[2]HANNAH, Arenth, afirma que o ser humano vive entre a angustia e os planos para o futuro, esquecendo-se do presente.  HANNAH Arendth; Entre o passado e futuro; Perspectiva S.A.;  6° ed; São Paulo;
[3] FERRY, Luc. Capítulo 1: O que é a filosofia? In: Aprender a Viver – Filosofia para os Novos Tempos. Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda., 2006.
[4] “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”; Jo 1:1 ARA.
[5] Lipovetky afirma que vivemos em uma era vazia, sob o individualismo, em uma busca constante e sem fim. LIPOVETSKY, Gilles. A Era do Vazio; Ensaio sobre o Individualismo Contemporâneo; Barueri; São Paulo; 2005.

Daison Mülling Neutzling
Teologando do Seminário Concórdia e da ULBRA