Texto base: Salmo 90.1-2
“Senhor,
tu tens sido o nosso refúgio. Antes de formares os montes e de começares a
criar a terra e o Universo, tu és Deus eternamente, no passado, no presente e
no futuro.”
Chegamos ao último dia de mais um
ano. Nessa época é inevitável olhar para trás e fazer um balanço do ano que
passou e, ao mesmo tempo, olhar para frente e fazer o planejamento do ano que
se inicia. Qual é o sentimento que nos invade ao fazermos isso?
A maioria das emissoras de TV vem
transmitindo nos últimos dias as suas retrospectivas de 2015. Uma delas, em sua
chamada para a atração, resume o ano que passou falando da crise imigratória,
os ataques terroristas, as tragédias naturais e aquelas causadas pelo homem.
Outra emissora faz chamadas mostrando cenas de desastres ocorridos no último
ano. A cena é pausada um momento antes de o desastre acontecer e então o
comandante da atração usa a frase: “A gente pode parar uma imagem, mas não
mudar a história”. Então a imagem continua e o desastre acontece. Ainda outra
emissora anuncia a atração com a frase reflexiva: “2015: Um ano para ser
lembrado, um ano para ser esquecido”.
E se nós fizéssemos a
retrospectiva do nosso 2015, a que conclusão chegaríamos? 2015 é um ano para
ser lembrado ou um ano para ser esquecido? Talvez alguns acontecimentos tristes
nos venham à mente e nos levem a querer esquecer o ano que passou: algum plano
frustrado, um acidente, um relacionamento dissolvido ou a morte de alguém querido.
Talvez essas coisas tristes até ofusquem as alegrias que também estiveram
presentes no ano que passou e nos levem a preferir esquecer.
E ao olharmos para 2016, como olhamos?
Com esperança, entusiasmo e alegria? Ou com apreensão, temor e medo? Tenha sido
2015 mais repleto de alegrias ou de tristezas, pelo menos sabemos como ele foi,
mas 2016 ainda é, para nós, o desconhecido. Não sabemos o que nos aguarda nele.
Esse momento do ano, marcado por
retrospectiva e planejamento, facilmente nos coloca na fronteira entre a dor do
passado e o medo do futuro. Somos, na verdade, vítimas do tempo. E como não
podemos fugir desse tempo, vivendo condenados à fronteira entre o passado e o
futuro, não há nada nesse tempo que possa nos ajudar. A ajuda precisa vir de algo
que esteja acima do tempo e esse é Deus.
Moisés afirma a respeito de Deus,
no Salmo 90: “tu és Deus eternamente, no passado, no presente e no futuro”.
Deus não está confinado ao tempo como nós estamos. Ele é eterno. A dimensão de
eternidade é algo que sequer conseguimos compreender. No nosso entendimento, as
coisas precisam ter um começo, um meio e um fim. Até conseguimos conceber a
ideia de algo que não termina, pois vivemos na esperança da nossa vida eterna,
ou seja, uma vida que não terá fim. Mas, ainda assim, tivemos um começo e não
conseguimos conceber a ideia de algo que nunca começou e nunca vai terminar,
simplesmente é eterno. Deus é eterno.
Mas para salvar a nós que
estávamos condenados no tempo, o próprio Deus eterno se submeteu ao tempo. Se
já era inconcebível pensar num Deus eterno que nunca teve início e nunca terá
um fim, por amor a nós Deus fez algo ainda mais inconcebível: Aquele que era
eterno escolheu ter um começo no tempo como ser humano. Quando chegou o tempo
certo, ele veio como filho de mãe humana para libertar os que estavam
condenados no tempo. O Verbo se fez carne e Deus viveu entre nós como ser
humano, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Deus
eterno resolveu tomar parte na nossa finitude e morreu como nós deveríamos
morrer e em troca disso nos deu a Sua eternidade, nos deu a certeza de uma vida
eterna.
Por isso, não importa o que
aconteça ou o que virá. Deus conhece cada um dos passos que nós demos ou que
ainda daremos. Sejam momentos de dor e depressão ou de alegria e felicidade,
todos os momentos da nossa vida estão nas mãos do Deus que se fez homem por
nós. A retrospectiva do passado pode nos fazer sofrer e a projeção do futuro
pode nos assustar, mas tem uma coisa que é certa: o presente. Pare para pensar
só um instante: se o nosso presente é Cristo não importa o que acontecer, pois
tudo está nas mãos dele. Ele é o nosso presente certo porque Ele apaga as
nossas dores do passado e nos garante sua companhia no futuro.
Com Cristo do nosso lado, podemos
fazer a nossa retrospectiva 2015 e o nosso planejamento 2016 e ainda comemorar
o ano novo na melhor das companhias: Cristo, o Deus eterno que se faz presente
no tempo por amor a nós.
Oremos ao nosso Deus fazendo uso
das próprias palavras de Moisés no Salmo 90:
Senhor, tu tens sido o nosso refúgio.
Alimenta-nos de manhã com o teu amor, até ficarmos satisfeitos, para que
cantemos e nos alegremos a vida inteira. Que os teus servos vejam as grandes
coisas que fazes! E que os nossos descendentes vejam o teu glorioso poder!
Derrama sobre nós as tuas bênçãos, ó Senhor, nosso Deus! Dá-nos sucesso em tudo
o que fizermos; sim, dá-nos sucesso em tudo. Amém. (Salmo 90.1, 14, 16,
17)
Charles Samuel Voigt Ledebuhr