Lucas
23.1-49
Lex
julias majestatis! Palavras pouco conhecidas por nós, mas extremamente
importantes neste momento da história, pois Pilatos tinha em sua frente um
filho de carpinteiro sendo acusado de se auto-intitular rei, algo que a Lex
julias majestatis romana sentenciava a morte. O veredicto parecia ser óbvio:
Ele será condenado á morte. No entanto, numa noite anterior, a esposa de
Pilatos havia tido um sonho que o deixou com a pulga atrás da orelha quanto a
condenar um inocente e, ao saber que Este era Galileu, tenta livrar-se de ter
de pronunciar um juízo enviando-o para Herodes. Herodes, por sua vez, a muito
que estava ansioso por conhecer Jesus, pois havia ouvido falar de seus poderes
mágicos e tinha a curiosidade de vê-lo a realizar um milagre e agora tem a
chance de ver com seus próprios olhos aquele que há poucos dias o havia
insultado chamando-o de raposa, mas que diante do temor que tinha em sua cabeça,
atormentada pelo acontecido a João Batista e o que se falava a respeito de
Jesus, o recebe com expectativas de presenciar o sobrenatural. Mas o tão
esperado não acontece, pois ao invés de receber um Jesus cheio dos poderes,
recebe um Jesus cheio de fraquezas e, diante da decepção, Jesus é novamente
remetido a Pilatos.
É
interessante como as multidões são apaixonadas por julgamentos, pois uma figura
marcante em julgamentos são multidões. Parte delas, às vezes, sem nem ao menos
saber exatamente o que está se passando. Mas o seu anseio por ver alguém sendo
condenado as impulsiona aos tribunais.
Pilatos,
apertado por todos os lados, a fim de não emitir um juízo precipitado resolve
interrogar Jesus; sua intenção era saber se realmente este homem era aquilo de
que estava sendo acusado e, para surpresa de Pilatos, Jesus não representava
perigo para Roma, pois Seu reino não era um reino político, mas um reino
espiritual e, não bastando esta afirmação, quando Pilatos aperta Jesus alegando
que ele tem poder para libertá-lo ou para mandar matá-lo Jesus o surpreende
dizendo: Nenhuma autoridade terias sobre mim se de cima não te fosse dada; por
isso, quem me entregou a ti maior pecado tem. Neste momento, Pilatos,
percebendo que a situação era difícil, nada mais podia senão reafirmar aquilo
que já havia falado antes e que o próprio Herodes era testemunha: Não vejo crime
algum neste homem.
Olhando um pouco além desta cena em direção ao Antigo
Testamento parece a cena do sacerdócio de Israel avaliando um cordeiro para o
sacrifício que após, com o veredicto de que estava sem mácula ou mancha, determina-se:
Mata-o. Pois o povo gritava: Crucifica-o. O
cordeiro perfeito para o sacrifício perfeito por uma humanidade imperfeita,
pois basta dar uma olhada para a cena e ver uma multidão a condenar alguém que,
diante de todos os órgãos competentes, havia sido declarado justo, algo que
constantemente fazemos, pois seguidamente emitimos juízos dos quais mais
adiante sentimos vergonha de tê-los proferido.
Mas
o magnífico que acontece aqui poderia ser algo que Herodes precisava ter
presenciado e dado o devido valor, pois ali naquele julgamento e morte
aconteceu aquilo que pode ser dito com toda a certeza: Foi a maior obra já
feita por Deus, pois ali Aquele que tudo criou e tudo sustêm deu
humilhantemente a sua vida por um mundo de muitos Barrabás, a fim de que, por
sua morte, tivéssemos vida e que, mesmo diante das blasfêmias, oferecia, em
troca, o perdão.
Diz-se
que no fim da vida, quando no extremo da agonia da morte, o ser humano falar de
coisas de que seu coração está cheio. Para endossar isto, conta-se a história
de um vendedor de pão com presunto, que começa a sua vida vendendo pão de
balaio, com o avanço de seu negócio compra um carro para vender pão com
presunto, seguidamente outros carros e por fim lanchonetes em que seu produto
era pão com presunto. Ao morrer, em seu leito de agonia, tinha surtos em que
gritava: “cortem fino o presunto”, pois isto representava uma vida envolvida
com este tipo de venda. Agora, aqui no calvário, no momento em que tudo se
encerra, Jesus exclama: “em tuas mãos entrego o meu espírito”, transparecendo
uma vida total de entrega, que não só nos dá a vida eterna, mas que nos dá
valores que o mundo não dá, que é a de uma vida de total entrega ao nosso
Deus.
Celso Valmir Grams
pastor conselheiro
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