O texto de Mateus, capítulo 2,
dá continuidade ao relato do nascimento de Jesus Cristo. Muitos de nós
já escutamos essa história desde que somos pequenos. Vimos nas
encenações de natal na igreja, em filmes e documentários na TV, aulas de
religião na escola, em alguma conversa despretensiosa, ou ainda em uma
visita de alguma pessoa comprometida a converter-nos para a sua
religião. Até muitas pessoas que não são cristãs já ouviram falar um
pouco dessa história. Mas por que a história de um menino, de um bebê,
se tornou tão conhecida e tão importante?
Para compreendermos a importância do
nascimento de Jesus vamos começar fazendo um exercício de imaginação. A
história humana pode ser contada como uma guerra, onde milhares e
milhares de feridos estão caídos e agonizam. Ao longe surge um exército
que marcha em direção ao campo de batalha. À frente está posicionado o
General com marcas visíveis nas mãos (Jo 20.25-29).
Mas, diferentemente de um exército normal, que marcha com armas em
punho, canhões e tanques, este entra no campo de batalha com armas que
curam, que são a verdade, a justiça, a fé, a salvação e a prontidão para
anunciar a boa notícia de paz” (Ef 6).
O General, com seu batalhão, se aproxima de uma vítima quase morta e
lhe estende a mão. Esta é resgatada, cuidada, curada e convidada a se
juntar às fileiras de uma legião que tem como missão resgatar os que
padecem feridos na escuridão e anunciar que a guerra acabou e que o
general é vencedor (1Co 15.54-57).
Mas quem é o General? Quem é aquele que
na infância foi visitado por homens sábios que lhe presentearam com
ouro, mirra e incenso? Para alguns, Jesus é apenas um espírito evoluído e
outros dizem que era um homem sábio, um revolucionário. Os cristãos o
chamam de Homem-Deus. Um homem na sua totalidade, de carne, ossos e
sentimentos. E Deus em toda a sua Onipotência, Onisciência, Onipresença e
Glória, que escolheu nascer humano para dar a sua vida como pagamento
pelo resgate de todos os que estão perdidos e feridos no campo de
batalha deste mundo.
O capítulo 2 do Evangelho conforme
Mateus nos mostra essas naturezas de Jesus. Enquanto Deus, ele é digno
de receber toda honra e adoração de homens sábios vindos de terras
distantes (Mt 2.11). Sua vinda ao mundo é reverenciada por um astro celeste que indica o caminho para se chegar a ele (Mt 2.9).
Mas também mostra a aparente fragilidade que resulta de sua humanidade.
A fuga para o Egito da cruel matança de crianças, ordenada por Herodes (Mt 2.13),
demonstra que o Homem-Deus manifesta-se frágil por abrir mão de usar
todo o seu poder. Contudo, ele faz tudo isso por amor, porque, ao se
mostrar frágil a ponto de até mesmo entregar sua vida na cruz, o Deus
Eterno revela a força de seu objetivo, que é a salvação da humanidade.
O Deus, que em sua grandeza e
complexidade é Pai, Filho e Espírito Santo, e que enquanto Filho é Deus e
Homem, mostra seu amor pela humanidade ao deixar seu trono no céu e vir
ao mundo para trazer salvação aos bilhões que agonizam feridos no campo
de batalha. Onde está você? Esquecido em meio aos feridos? Saiba que
aquele menino do presépio é o Homem-Deus, e somente por meio dele há
salvação. Sozinho, você não vai chegar a lugar algum; a guerra acabou, e
o General está a sua espera.