Caros leitores, o
tema que trago para ser exposto neste momento, nós encontramos nas Sagradas
Escrituras, na carta do apóstolo Paulo aos gálatas, onde Paulo afirma que: “Nos tornamos Filhos de Deus e seus
Herdeiros através do sacrifício de Cristo”. Paulo escreve na carta aos gálatas
capitulo quatro versículos um a sete onde lemos:
V1-Digo, pois, que,
durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que
é ele senhor de tudo.
V2-Mas está sob
tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai.
V3-Assim, também nós,
quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo.
V4-Vindo, porém, a
plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei.
V5-Para resgatar os
que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.
V6-E, porque vós sois
filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba,
Pai!
V7-De sorte que já
não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus.
Quando comecei a
preparar esta mensagem li e reli o texto bíblico varias vezes procurando
entender o que ele dizia para mim em primeiro lugar, depois de algum tempo
percebi que, o que eu realmente procurava era algo diferente, ou algo novo
ainda não dito, para dizer a vocês agora, neste momento. Custei bastante, e
percebi o algo diferente, novo, que procurava, mas não no texto, porém em mim.
Mas a flor? Por que a
flor? Quero usar uma flor como exemplo de algo que acontece comigo, e acredito
que com vocês também. As flores são uma das criações mais belas de Deus, Jesus
Cristo disse aos seus discípulos que nem mesmo o Rei Salomão se vestiu com
tanta beleza quanto os lírios do campo. Eu,
quase que diariamente passo ao lado de flores, no seminário, em praças ou na
rua. Em frente a minha casa há flores. Porém, não costumo parar para admirá-las,
sentir seu perfume, colhê-las e dá-las para alguém. Simplesmente passo
rapidamente ao lado e sigo meu caminho. Uso o exemplo das flores para dizer que
da mesma forma passo por muitos textos bíblicos, principalmente aqueles mais
conhecidos, e não paro para me deixar levar pelo seu “aroma”, sua essência.
Voltando as palavras
de Paulo, posso dizer que não há nada mais encoberto, está tudo ali bem claro,
descoberto, nada novo, mas simplesmente sublime, esplendoroso, magnífico.
O apóstolo Paulo, em
uma época de muitas dúvidas, vendo-se em uma grande aflição escreve aos gálatas,
pois havia falsos profetas que pregavam um evangelho um pouco diferente daquele
que o apóstolo Paulo pregava. Estes falsos profetas diziam ao povo que poderiam
crer no Evangelho de Cristo, mas não deveriam abandonar as leis judaicas, sendo
que estas, ainda eram necessárias para a salvação. Aqueles homens, os profetas,
não deixavam os gálatas perceberem e viverem toda a sublimidade e o esplendor
do presente que estavam recebendo de Deus através de Cristo.
Então nos versículos quatro
e cinco, o apóstolo Paulo revela mais uma vez aos gálatas, e também a nós hoje,
a magnifica obra de Deus, que enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob
a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, ou seja, toda a humanidade
perdida e condenada. Pois o homem por si próprio não consegue cumprir a lei e
redimir-se diante de Deus. Então, Deus através de Cristo o faz, se torna humano
com um corpo de carne e sangue, um corpo mortal, que sentiu dores e angustias,
não andou entre flores em seu ministério terreno, porém entre espinhos,
sofrendo em sua própria carne, injustamente, a dor do espinho maior, o nosso
pecado, morrendo, para que nós não sofrêssemos as consequências deste.
No versículo seguinte Paulo afirma: “E, porque vós sois
filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba,
Pai!” Estas mesmas palavras foram usadas por Jesus Cristo quando orou no
Getsêmani mostrando uma relação intima com Deus. Esta expressão, segundo Paulo,
testifica a nosso favor mostrando que Cristo é verdadeiramente filho de Deus e
que pela presença de seu Espírito, para o qual, tudo é possível, nos mostra a
natureza divina de Cristo, um Cristo ressurreto, onipotente, eterno, infinito.
Espírito que também nos fortalece, que nos revigora, que nos permite mesmo
estando entre dificuldades, estarmos em paz e confiantes. Espírito que nos
mostra não um Pai impiedoso, mas sim um Pai amoroso, reconciliador.
Lutero em seu
Catecismo Menor, na introdução do Pai Nosso nos deixa um “lírio”, ele afirma:
“Deus quer atrair-nos carinhosamente com estas palavras, para crermos que ele é
nosso verdadeiro Pai e nós, os seus verdadeiros filhos, para que lhe roguemos
sem temor, com toda a confiança, como filhos amados do querido pai”.
E no verso sete,
encontramos ao qual me referi no princípio desta reflexão, a sublimidade do
amor inexplicável de um Pai amoroso. A boa nova que os gálatas não estavam compreendendo,
e que nós, muitas vezes, mesmo compreendendo, não paramos tempo suficiente para
nos deixar levar pela mensagem da graça em sua plenitude. Não paramos para
sentir seu “aroma”, não nos deixamos levar pela sua “doçura”, o doce sabor da
graça de Deus. Deus enviou seu Filho assumindo a forma de verdadeiro homem,
cumpriu a Lei em lugar de toda a humanidade, e sendo verdadeiro Deus, venceu a
morte e o poder do diabo, nos convidando para fazer parte das venturas
celestiais.
A proposito, você tem
dado flores a alguém ultimamente? Para sua esposa? Sua namorada? Sua mãe?
Que o nosso Senhor permita que continuemos a
ver flores, que sejamos sensíveis e gentis, às colhendo e às dando como forma
de carinho e afeto, e que sejamos sempre de novo seduzidos, envolvidos,
tragados pelo aroma inconfundível da mensagem da Boa Nova que nós é oferecida
por Cristo de forma a exalarmos a essência da mensagem da graça em favor de
outros afirmando juntos com o apostolo, nas palavras do versículo sete. “De
sorte que já não somos escravos, porém filhos; e, sendo filhos, também herdeiros por Deus”.
Que este Cristo
esteja presente em nossas vidas hoje e sempre. Amém!
Daison Mülling Neutzling
Teologando da ULBRA e do Seminário Concórdia